Não tá morto quem peleia

Tem aquela história do primo do irmão de um colega de escola, lá com seus dezoito anos, que depois de deixar uma amiga em casa ouviu do amigo e vizinho, sentado no banco do carona: “Imagina a gente voltar pra casa de marcha à ré?”. Pois o motorista não se fez de rogado, engatou a ré e começou a andar assim em direção à casa. O amigo primeiro riu, depois disse “para com isso”, então falou “deixe de ser criança”, de novo sem sucesso, depois xingou o amigo — e nada –, daí resolveu inverter a tática e mandou um “então vai, acelera!” e o primo do irmão do colega de escola nem tchuns, firme, de marcha à ré, até o amigo e vizinho no banco de carona entender que nada o demoveria daquela loucura e se encolher no banco, mudo, sem ter mais o que fazer, metade do caminho já vencida.

Não lembro do dia em que essa história se deu, mas tenho para mim que era um domingo, sete de outubro, lá pelas dez da noite. Porque depois da incredulidade do amigo, da preocupação, desespero e depois raiva, seguidos de um silêncio de puro desalento, o primo do irmão do colega de escola resolveu parar, manobrar e tomar o rumo de casa de outra forma, de um jeito mais vinte oito de outubro, mudando aquele retroceder tão equivocado, decerto com a ajuda daquele tempo para refletir sobre a direção a tomar e como prosseguir — uns vinte um dias, diria eu.

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2 respostas para Não tá morto quem peleia

  1. confetti* disse:

    ( até tentei mas nao consigo achar palavras pra te consolar…
    o brasil parece um navio afundando )

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