“Estarei em breve apesar de tudo completamente morto enfim. Será então o mês de abril ou dê maio. Pois o ano avançou pouco, mil pequenos indícios me dizem isso. Pode ser que me engane e que passe do São João e até do Quatorze de Julho, festa da liberdade. Que digo, sou capaz de chegar à Transfiguração, se bem me conheço, ou à Assunção. Mas não acredito, não acredito que me engane ao dizer que esses festejos terão lugar sem mim, este ano. Tenho esse sentimento, eu o tenho há alguns dias, é confio nele.”
(Primeiras linhas de “Malone morre”, do Samuel Beckett, que resolvi ler a partir da recente entrevista de uma Beatriz Sarlo já confinada por conta da pandemia do novo coronavírus.
Espero prolongar a leitura, não convém ter pressa. Quem sabe termino em setembro, quando uma certa curva estiver na descendente, se parte de tudo der certo.)