A propósito da empatia, um exercício e um adendo

No post anterior traduzi uma reportagem que falava da atitude de um sujeito, Rais Bhuiyan, que lutou contra a sentença de morte do homem que quase tirou a sua vida, aos meus olhos uma atitude empática em grau elevadíssimo, raro de se conceber. Pois sabe o que me ocorre ser um bom exercício de empatia? Tentar colocar-se no lugar do norueguês Anders Behring Breivik, autor dos atentados de 22 de julho último, tratando de compreender seus motivos, a despeito de seguir deplorando seus atos.

O “a despeito” que encerra o parágrafo anterior é, obviamente, condição mais do que necessária para chamar essa atitude de empática. Isso porque já há algumas figuras públicas (fora os anônimos) que andam concordando com o rapaz. Aqui não se trata de atitude empática, mas de simpatia. E também neste caso é possível compreender tal atitude, contextualizá-la e colocar-nos no lugar dos que a manifestaram, sem deixar de considerá-la tão execrável quanto a própria carnificina promovida pelo extremista norueguês, assassino confesso.

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5 respostas para A propósito da empatia, um exercício e um adendo

  1. El Torero disse:

    No outro post eu já esperava este caminho, tentar entender o terrorista. Uma réplica fácil, ao invés de pensar um pouco sobre, seria ‘e por que ele não se pôs no lugar das vitimas?’
    De minha parte o que consigo vislumbrar é uma sociedade de ‘iguais’ esbarrando a cada esquina com mais e mais ‘diferentes’, ocupando espaços onde antes até eram aceitos e necessários, mas que derepente, por conta de toda uma conjuntura, tornam-se um estorvo.

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    • Ricardo C. disse:

      É com muito atraso que te respondo, Torero, desculpe a falha. E te digo que a aceitação desses diferentes a que você alude nunca se deu de fato, só em condições ultra-especiais, restritas mesmo. A questão é que as minorias e grupos até então segregados começaram a se organizar, a sair dos guetos, a querer tratamento igualitário, isto é, serem gente, não mais sub-humanos como de costume. E o grosso da tropa se vê incomodado por não ter mais o “direito” de fazer piadas racistas ou preconceituosas contra gays e outros grupos, ainda por cima esperando que estes ficassem quietos ou se bobear ainda rissem.
      Colocar-se no lugar do outro em exemplos extremos como o que sugeri no post é quase impossível, mas dá uma dimensão do que deveríamos exercitar com mais frequência do que de costume.

      Abração

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  2. Pingback: Ricardo C.

  3. Cláudio Luiz disse:

    Ricardo, acabo de ver este post – http://muquedepeao.blogspot.com/2011/07/eu-sou-voce-amanha.html – e pra mim será impossível aceitar a proposta do seu exercício.

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