Na noite anterior, viu que às unhas do pé urgia um corte. Pegou o seu canivete suíço de mil e uma utilidades, abriu a de número três e pôs mãos-à-obra (dos pés), enquanto assistia a um programa qualquer de televisão. E por fim livre das aparas, dormiu contente.
Deu de acordar satisfeito, e mais satisfeito ficou depois da marcha, a passos largos, pelo calçadão de Copacabana. Mas ao que parece o destino, esse insondável, não comungava de tão bom humor, e não se fez de rogado: seguiu célere até o chuveiro e deu de cara com o tal moço exalando felicidade e satisfação pela bela noite de sono, pela agradável caminhada e pelo cansaço do dever cumprido. Inveja? Deve ter sido. Fosse o que fosse, o infausto fez a cabeça do moço pesar-lhe, e seus olhos mirarem os pés (primeiro o esquerdo, e esse lá, do jeito que deveria estar: unhas limpas e aparadas). Mas no tempo duma piscada, suficiente para uma hecatombe nuclear destruir a humanidade, viu que o pé direito, embora limpo, ostentava, impávido, cinco garras, no lugar das unhas que supunha aparadas.
Impossível não concluir: a felicidade, definitivamente, é passageira; e a memória, essa traidora, vai sentada ao lado dela.
rindo***
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Eu também ri desse cara, Confetti!! (Ele que não me escute,hehehe!)
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